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Campanha de conscientização sobre o câncer do colo do útero

Campanha de conscientização sobre o câncer do colo do útero

O mês de janeiro traz algumas campanhas de Saúde que são fundamentais para a população, pois por meio delas é possível levar mais conhecimento e conscientização sobre o tema, o que também reflete na possibilidade do diagnóstico precoce e permite o melhor tratamento à saúde de cada paciente.

Entre essas campanhas está o Janeiro Verde-piscina, que orienta e alerta às mulheres sobre o câncer do colo do útero. De acordo com a Diretora da Saúde da Mulher no HC Materno Infantil, do HCFAMEMA, e Mestre em Ginecologia Obstetrícia em Câncer do Colo Uterino, Dra Miriam Rosa Ferraz José, pesquisas apontam que 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas. O câncer do colo do útero também é a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Um índice alto e que merece a atenção das mulheres e também de seus parceiros.

Confira abaixo a entrevista com a Dra. Miriam e as orientações sobre o assunto.

Dra. Miriam, o que é o câncer do colo do útero e como a mulher pode ser acometida por esse tipo de câncer?

Dra. Miriam: Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos). Os mais comuns são o HPV 16 e HPV 18 que são responsáveis por 70% dos cânceres do colo uterino. “Além disso, outros fatores de risco associados são: início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros, histórico de verrugas genitais, tabagismo e pacientes com doenças imunossupressoras”.*

A infecção genital por esse vírus é muito frequente e na maioria das vezes não causa doença. Em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica do exame preventivo.

HPV e a Junção escamocolunar, início do câncer. Foto: reprodução internet

Quais os sintomas e em qual idade é mais comum o surgimento desse câncer?

Dra. Miriam: De acordo com a OMS, câncer do colo do útero é raro em mulheres até 30 anos e o pico de sua incidência acontece, normalmente, na faixa etária de 45 a 50 anos. Estima-se que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas.

 

Em média, nacional ou mundial, qual o índice do câncer do colo do útero comparado a outro câncer?

Dra. Miriam: Segundo o INCA, excetuando-se o câncer de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

A infecção pelo HPV é muito comum. Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos subtipos 16, 18 ou ambos. Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. 

 

Qual a melhor forma de prevenção e diagnóstico?

Dra. Miriam: Segundo a OMS para prevenção, o uso de preservativo durante as relações sexuais é fundamental para diminuir o risco de transmissão e infecção pelo Papilomavírus humano. A transmissão também pode ocorrer na hora do parto.

Atualmente existe a vacina contra o HPV. Ela é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, além de pessoas que vivem com HIV e indivíduos transplantados na faixa etária de 9 a 26 anos. A vacinação é medida preventiva, não sendo eficaz contra infecções ou lesões por HPV já existentes. A vacinação, o uso de preservativos em todas as relações sexuais e a realização periódica do exame preventivo são as medidas indicadas para prevenção do câncer de colo de útero.

 

E quais são os tratamentos indicados?

Dra. Miriam: A prevenção é a melhor estratégia. “A avaliação anual e regular com um ginecologista, com a coleta da Citologia Oncológica e a Colposcopia podem promover a detecção nas fases iniciais da doença,  antes mesmo do desenvolvimento do tumor propriamente dito, por ser um câncer de evolução lenta”.* Além da prevenção, diversos tratamentos podem ajudar, sobretudo quando já houver diagnóstico do tumor.

As opções são procedimentos cirúrgicos, radioterapia, quimioterapia, braquiterapia (tipo de radioterapia interna, na qual o material radioativo é inserido dentro ou na região próxima ao órgão a ser tratado) ou a combinação dessas estratégias.

“Mais recentemente, novos estudos mostraram a eficácia da Imunoterapia também contra esse tipo de tumor. O tratamento tem por objetivo melhorar o sistema de defesa da paciente para que as próprias células do sistema imunitário combatam a lesão tumoral”.*

 

Câncer já instalado no colo do útero, cresce silencioso.
Foto: reprodução internet

Quando o câncer é diagnosticado logo no início, quais as chances de cura?

Dra. Miriam: As chances de cura chegam a 90% quando o câncer é detectado logo no início. Nos casos mais avançados, as chances diminuem, mas as terapias atuais ajudam. O tratamento do câncer envolve a equipe médica, a equipe multidisciplinar, o paciente e a família. Todos devem trabalhar juntos contra a doença. Muitas vezes têm etapas difíceis, mas o importante é saber que há um caminho a ser trilhado e será preciso viver um dia de cada vez.

O paciente com câncer é um ser ativo no processo de cura e precisa colaborar fazendo uma dieta saudável, exercícios físicos e o tratamento. A família é importante porque é o apoio e o equilíbrio, enquanto a equipe multidisciplinar dá todo o suporte para o tratamento.

 

O câncer do colo do útero impede a mulher de ter filhos posteriormente?

Dra. Miriam: A escolha do tratamento do câncer de colo do útero depende do estágio em que a doença se encontra no momento do diagnóstico e deve levar em conta o estado de saúde da paciente, o tipo de tumor, o estadiamento e as chances de cura. Cada opção de tratamento terá um impacto sobre a fertilidade da paciente. Por exemplo:

  • Tratamento cirúrgico: existem alguns tipos de tratamento cirúrgico para o câncer do colo do útero. Procedimentos como cirurgia a lazer ou conização, não interferem na fertilidade da paciente. Já a histerectomia que implica na remoção do útero, impossibilita uma gravidez.
  • Traquelectomia: procedimento cirúrgico que pode ajudar na manutenção da fertilidade, em quem uma bolsa agirá como uma abertura artificial do colo do útero e será colocada dentro da cavidade uterina, e assim os gânglios linfáticos são removidos por laparoscopia.
  • Radioterapia: o tratamento utiliza radiação ionizante para destruir, eliminar ou impedir que as células do tumor aumentem de tamanho. Além de poder causar a falência dos ovários, a radioterapia pode prejudicar o desenvolvimento do útero, elevando a incidência de abortos, perda gestacional ou baixo peso do bebê no nascimento.
  • Quimioterapia: consiste na utilização de substâncias químicas para desnutrir, inibir, controlar e neutralizar o crescimento de células tumorais. Esse tipo de tratamento pode implicar na infertilidade da paciente, uma vez que diminui os hormônios que produzem os óvulos saudáveis nos ovários, o que causa a menopausa antecipada, ocasionando a infertilidade.

 

Quais serviços são oferecidos à mulher no HCFAMEMA, quando se trata da Saúde Feminina?

Dra. Miriam: No complexo HCFAMEMA temos os serviços:

1. Pronto socorro para urgência e emergência obstétrica e ginecológica;

2. Unidade de Abulatórios:

-Gestação de Alto Risco

-Climatério

-Urogineco

-Oncogineco

-Colposcopia e cirurgia de Alta Frequência

-Ginecologia Clínica e Cirúrgica

-Planejamento Familiar

-Infertilidade e endometriose

-Pós-operatório

3. Internações Obstétricas e Ginecológicas.

 

Como médica, quais orientações e cuidados a Dra. gostaria de compartilhar com as mulheres sobre este assunto?

Dra. Miriam: São várias as recomendações:

-Colher Papanicolau (Citologia Oncológica) anual em um local confiável, aonde a amostra coletada seja satisfatória e contenha os epitélios escamoso e glandular;

-Caso o Papanicolau seja alterado fazer a Colposcopia;

– Em vigência de Ectopia, fazer a Colposcopia; não realizar cauterização sem antes fazer a Colposcopia;

-Caso tenha mais de um parceiro sexual usar preservativo/códon/camisinha;

-Evitar a promiscuidade e os vários parceiros sexuais;

-Manter hábitos de vida saudáveis.

 

Temos diversas campanhas, e entre elas está o Janeiro Verde-piscina. A Dra acredita que, mesmo o mês sendo dedicado à prevenção e conscientização do câncer do colo do útero, ainda é necessário falar sobre o assunto o ano todo?

Dra. Miriam: Sim, pois as mulheres e seus parceiros precisam ser informados que o câncer do colo do útero, apesar de lento, é silencioso e mata. Ainda hoje, com a coleta do Papanicolau sendo realizada em todas as USFs, o câncer do colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. A cada novo ano detecta-se 500 mil casos de câncer do colo uterino no mundo, com os números assustadores, por exemplo, as estimativas de novos casos são de 16.710 (2020 – INCA)

Número de mortes: 6.596 (2019 – Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM). Com isso, acredito que a prevenção ainda é o melhor caminho!

 

Fontes mencionadas na entrevista:*

Instituto de Oncologia do Paraná (IOP)Dr. Reitan Ribeiro

www.inca.gov.br

 www.oncoguia.org.br

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